Identidade Ampliada
"O olhar contemporâneo é regido pelo ideal do eu" Fernanda Bruno
Cada vez mais vivemos uma identidade ampliada, onde nossa vida online se confunde com a offline, sendo as duas, partes que se somam para a construção do nosso ser. Vivenciamos a tela e a imagem que vemos de nós mesmos o tempo todo, e aos poucos estamos nos tornando editores de arte daquilo que queremos parecer.
Imagem desfile virtual da Prada SS21
Nesse período mais em casa, durante a pandemia, comprei vitaminas pro meu cabelo, com o objetivo de que ele fique mais encorpado, mais forte e mais comprido. Tenho procurado no google um BBCream que deixe minha pele mais lisa, com uma cor mais saudável. Um produto que talvez, quem sabe, me ajude a parecer no dia a dia um pouco mais jovem... como nos filtros do Instagram!
Sim, como nos filtros que usamos no Instagram, e que nos deixam mais bonitos, mais jovens, mais saudáveis, mais felizes com a nossa imagem. A maquiagem já está pronta, os cílios enormes, a boca preenchida e com batom...
Só que esses filtros estão fazendo a gente esquecer, muitas vezes, como são as pessoas reais. Efeitos visuais que mudam o nosso senso de estética, e que em um instante, nos ajudam a editar a nossa imagem, multiplicando as possibilidades de como nos mostramos. Tornando nossa aparência mais interessante e mais atrativa aos olhos dos outros.
Para a antropóloga de consumo Hilaine Yaccoub, hoje "muitas pessoas perseguem a sua própria imagem do perfil do Instagram como se fosse uma versão melhorada de si mesmas". Concordo!
A aparência é a parte visível que os indivíduos oferecem ao olhar social, o que tem um papel importante nos processos de identificação. Em tempos de superexposição, queremos expressar atitude através do nosso comportamento. Esse papel tem a moda, que normalmente acaba por criar um padrão, uma padronização do que é mais bonito, uma legitimização dessas imagens que nos fazem acreditar que são quase que mais importantes do que somos de verdade.
Imagem desfile Prada SS21
Com certeza, podemos observar valores hoje que se contrapõem.
No meu post anterior, falei justamente sobre os padrões estéticos, e sobre o movimento que algumas marcas estão fazendo para a inclusão do que ainda não é considerado ideal. Mas como humanos vivemos um dualismo, somos seres em constante construção. Queremos nos sentir incluídos, mas também queremos nos sentir aprovados, por nós mesmos e pelos outros.
Imagem- selfie com filtro de Verena Smit - manipulada
Mas penso que uma coisa importante deve ser lembrada: nossos desejos e escolhas não podem ser uma prisão. E conseguir valorizar nossa imagem sem o desejo de aprovação do outro, a partir das nossas singularidades e imperfeições, pode ser extremamente libertador.




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